segunda-feira, 24 de outubro de 2016

NOVO SISTEMA ECONÔMICO PARA DERRUBAR A GANÂNCIA CAPITALISTA

A web deve dar origem já nas próximas décadas a um novo sistema econômico com base em trocas e colaboração.
PERDEU TIO SAM: PARA O BIÓFILO RIFKIN, CHINA E ALEMANHA SERÃO AS GRANDES POTÊNCIAS DA NOVA ECONOMIA
FOTO: ULF ANDERSEN/GETTY IMAGES

Nos últimos 300 anos, o mundo passou por duas revoluções industriais: a primeira liderada pela Inglaterra no fim do século XVIII, e a segunda, pelos Estados Unidos, algumas décadas depois. O pioneirismo transformou esses paí­ses em potências mundiais.
De acordo com o pensamento do economista norte-americano Jeremy Rifkin, foi dada a largada para uma nova corrida industrial entre as nações, e desta vez a Alemanha saiu na frente. Guru de executivos e chefes de estado, como a alemã Angela Merkel, Rifkin explica em seu último livro, The Zero Marginal Cost Society: The Internet of Things, the Collaborative Commons, and the Eclipse of Capitalism (A sociedade do custo marginal zero: a internet das coisas, os bens comuns colaborativos e o eclipse do capitalismo), como a internet das coisas está dando origem à economia do compartilhamento, que deverá superar o capitalismo até a metade do século.
P: O senhor diz que o capitalismo vai ser colocado em segundo plano pela economia colaborativa (ECONOMIA SOLIDÁRIA). Muita gente se assusta com a ideia de um mundo onde o capitalismo não é o único caminho?
Sim, mas talvez o mesmo tanto de pessoas ache essa possibilidade intrigante e mesmo esperançosa. A sociedade do custo marginal zero: a internet das coisas, os bens comuns colaborativos e o eclipse do capitalismo. Ela é o primeiro sistema econômico a emergir do capitalismo desde o socialismo no século XX. Nós viveremos em um sistema econômico híbrido, composto pela economia de troca no mercado capitalista, e pela economia do compartilhamento.
P: O senhor considera o capitalismo obsoleto para as necessidades atuais?
De tempos em tempos, novas revoluções tecnológicas emergem para gerenciar mais eficientemente a atividade econômica. Creio que agora estejamos em um longo e perigoso “fim de jogo”, um pôr do sol da segunda revolução industrial. Em 1905, 3% da energia era utilizada na cadeia de produção e 97% era perdida. Em 1980 tivemos um pico de 18% de eficiência, e parou nisso. Estamos empacados. O que está acontecendo agora é que estamos no curso de uma terceira revolução industrial. A internet das coisas vai conectar campos de agricultura, linhas de produção de fábricas, lojas de varejo e armazéns, veículos autônomos e casas inteligentes. É uma transição épica, que pode conectar a raça humana inteira em tempo real e nos mover para uma produtividade extrema, com custo marginal baixo ou mesmo zero em todos os setores da economia.
P: O senhor acha que os Estados Unidos continuarão sendo a maior potência nesse novo sistema?
Os líderes agora são a Alemanha e a China. Os chineses entenderam que os britânicos lideraram a primeira revolução, e os norte-americanos, a segunda, e que essa era a chance deles.
P: O senhor sugere que essa transição de paradigma do capitalismo para os bens comuns colaborativos (solidários) vai ocorrer de maneira suave, e não como as grandes revoluções políticas que já acompanhamos. Não existem pessoas e instituições interessadas em estancar esse processo de mudança?
Há interesses poderosos, governos e indústrias querem ter voz, mas o que realmente me preocupa são as companhias de internet. Eu adoro o Google, uso todos os dias, mas ele já assume a forma de um monopólio global. O mesmo acontece com o Facebook. A pergunta é: o que fazer? No século XX, mantivemos no mercado privado companhias de eletricidade, telefônicas, gasodutos, coisas de que todos precisavam – mas regulamos suas atividades por meio do governo. Seria ingênuo acreditar que essas empresas privadas tão grandes e importantes, que estabeleceram bens de que gostamos e que queremos, não serão reguladas por alguma forma de autoridade global.
P: No livro, o senhor concebe essa nova sociedade como uma “civilização empática global”. Por quê?
O que está acontecendo é uma mudança fundamental na forma como as gerações mais novas pensam. Não se trata apenas de os jovens estarem produzindo e compartilhando seu próprio entretenimento, notícias e informações, eles também estão começando a compartilhar todo o resto – carros, roupas, apartamentos. A internet permite que eles eliminem os agentes intermediários (atravessadores) e criem uma cultura do compartilhamento. As gerações mais novas não querem ter um carro, isso é coisa do vovô. Os millenials das gerações mais novas querem acesso, e não posse. Eles estão realmente começando a ver a si próprios como parte de uma grande família humana, e as outras criaturas em certa medida também como parte dessa mesma família.

DICIONÁRIO RIFKIN
Entenda alguns dos conceitos mais usados pelo economista
TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: processo desencadeado pela internet das coisas, liderado pela Alemanha e pela China. Deve promover níveis de produtividade e eficiência energética sem precedentes, reduzindo os custos de bens e serviços e consolidando a economia do compartilhamento e dos bens comuns colaborativos (solidários).
CUSTO MARGINAL: conceito econômico que se refere à variação no custo total de produção quando se aumenta a quantidade produzida de bens. O custo marginal zero representa uma situação ideal de produtividade, na qual se pode fabricar mais objetos sem pagar mais por isso, reduzindo drasticamente o valor final do produto, que pode até ser compartilhado gratuitamente.
CIVILIZAÇÃO EMPÁTICA: termo criado para se referir à nova civilização que Rifkin acredita que deverá surgir a partir do processo de transição pelo qual estamos passando. Trata-se de uma mentalidade não mais adaptada ao capitalismo, mas à economia do compartilhamento (economia de solidariedade ou fraternal). É uma visão que concebe a humanidade como uma única família e o planeta ou a biosfera como a comunidade que se compartilha.

domingo, 2 de outubro de 2016

O TRABALHO E A ARTE DE VER

Ubirajara Rodrigues da Silva

A palavra trabalho é originária do latim tripalium; “castigo”. Etimologicamente esta palavra bem representa o quão torturante ela o é para muitas pessoas nos tempos atuais, não diferenciando do pelourinho, que no Brasil escravocrata, se mantinha em lugares centrais e públicos, estacas fincadas no chão, tais quais troncos para castigar escravos, ao contrário da Idade Média na Europa aonde esse artificio servia para castigar criminosos.
Infelizmente o trabalho no Brasil tem sido motivo de insatisfação e desilusão, principalmente para os estratos sociais situados na base da pirâmide social. Pouquíssimas são as pessoas recompensadas e realmente satisfeitas com os resultados do seu trabalho para as suas vidas. Assim não há como interpretar o trabalho como algo simplesmente engrandecedor ou mesmo dignificante no seu estágio atual brasileiro. Entretanto se sabe é que o trabalho enquanto promotor de condição para sustentação material do individuo humano na sociedade dita civilizada, no decorrer dos séculos sempre manteve tensa relação entre dominadores e dominados. O modu operandi do trabalho mudou, mas essa força de trabalho continua servindo às classes sociais hegemônicas. E, mesmo com todas as profundas transformações inseridas no seu contexto, o trabalho no Brasil não deixa de seguir padrões politicamente desfavoráveis para as classes trabalhadoras que não são treinadas e também qualificadas nos padrões tecnológicos dos países dominantes.  Nisso a importância da escola torna-se fundamental enquanto espaço de implementação de dispositivos pedagógicos capazes de atuar para o empoderamento do educando. Empoderamento esse, acompanhando as transformações cabíveis nos setores da produção tecnológica, que, propõe e direciona para a construção de procedimentos didáticos compatíveis com as realidades em curso. É nessa movimentação onde há o choque de preceitos doutrinários sociais, político, econômicos, artístico, etc. em debates, que se injeta não somente a necessidade, mas o direito das classes desfavorecidas também tomarem parte, para com legitimidade influenciarem nos processos decisórios.
Desde Sócrates, Platão e Aristóteles achavam que é preciso encontrar explicações para a realidade do mundo nele mesmo e não na religião ou na mitologia.
Seguir uma linha de raciocínio em que personagens como Sócrates, Antonio Gramsci (educação/cultura), Marx (economia), Paulo Freire (educação), Pablo Picasso (pintura), Candido Portinari (pintura), Tarsila do Amaral (pintura), Piaget (educação), Villas-Lobo (música), dentre outras personalidades evidentemente mais representativas das tendências e influências europeias na cultura brasileira, de um lado, do outro, as influências africanas e indígenas naturalmente popularizadas.
Ao contrário do comentário acirrado da cultura do caos, na prática, dentro da região para onde jorram os efeitos dos defeitos da convivência social, no pensamento dos filhos de gerações anteriores ainda cabe um alerta de que a sua realidade pode ser alimento de redenção capaz de conduzir a um sentimento de autocrítica, superando o simples traço em preto e branco sobre a superfície vazia do papel, produzindo o que é vantajoso para manter o senso de proporção e equilíbrio. Isso acontece se lhe é passado capacitação para admirar a arte ou a técnica, a iluminação ou as sombras; quando lhe é passado noções de que tudo pode ser criado com maestria e segurança, sabendo que a verdadeira noção de beleza pode resultar da capacidade de exprimir desenvolvida pela pessoa, por mais rudimentar ou simples que sejam os instrumentos usados, mesmo construídos de artefatos encontrados no lixo.   
Essa prática segue na trilha da inclusão de atitudes qualitativas, dando maior consistência à ideia da “arte de viver” acrescentado da “arte de verpor intermédio do exercício do olhar mais aguçado para a realidade circundante. Assim trabalhada a sensibilidade artística, os exageros do cotidianoque podem ser sutis e muitas vezes tapados pelo hábito da pessoa de não ser educada para perceber as sutilezas – deixam de retardar a possibilidade de se firmar na coletividade a existência de um imaginário útil para o desenvolvimento local.      
Exemplo visual desse exercício:
CAVALOS COMENDO LIXO (visão real) – uma aberração cotidiana nas favelas e nos bairros populares. Imagem real (tão comum) despercebida e perversa (o hábito é uma cortina espessa condutora dos olhares à inacessibilidade do entendimento da realidade refletora da doença social, política, cultural, econômica, filosófica).





CAVALOS EM HABITAT AMENO (concepção Arte de Ver) Irrealidade não idealizada no cotidiano das favelas, bairros populares. Aqui os olhares são levados a perceber e a interagir  numa realidade de entendimento saudável, política, cultural, econômica, filosófica.






Visão real: Rio Faria Timbó poluído, completamente inerte, que além de estagnadas as suas águas outrora límpidas, contribui para a enfermidade do local que perde o impulso de se desenvolver.








Concepção Arte de Ver:
Rio despoluído e economicamente viável, possibilitando que a comunidade o use de vários modos positivos para o desenvolvimento local, preservando a saúde do meio ambiente.




Os painéis acima expostos são oriundos do exercício da Arte de Ver com alunos da Oficina Portinari Manguinhos/Casa Viva Redeccap.





sexta-feira, 1 de abril de 2016

E DEPOIS DA PACIFICAÇÃO ?




Neste momento de inquietação política maior, em que os famigerados interesses políticos egoístas deste triste país, para completar a vergonha nacional, no Rio de Janeiro, atuam na contramão da tal “pacificação“, a fazendo escorrer  para o ralo como água podre, colocando em risco a vida de milhares de moradores de favelas e bairros populares, que normalmente, por anos a fio são criminalizados, sofrendo as piores mazelas psicológicas, privadas que já são de liberdade de expressão mais direta, porque estão submetidos à indignação no meio do fogo cruzado entre a “lei” e os “fora da lei”.

Em 2011, no advento da tal “pacificação“, o falecido líder comunitário e membro do Instituto Biófilo Multiversal, José Rodrigues, inspirado pelas possibilidades que essa ideia esboçava, vislumbrando dias melhores para as favelas, chegou a desenhar planos condizentes com  autodesenvolvimento local, sonhando com um Brasil melhor.  Seria tudo utopia? Pois bem, neste vídeo, produzido em 2011, logo no início da ideia que se divulgava sobre a tal "pacificação" nas comunidades de favelas do Rio de Janeiro, ouça as palavras desse homem que durante toda a sua curta vida na Terra lutou pela melhoria da sua comunidade. Infelizmente, no decorrer desses anos a situação somente recrudesceu, e, meu irmão José , já vai completando três anos que levou para o além a utopia de ver as comunidades felizes. Saudações biófilas!

sábado, 12 de março de 2016

ESTEREÓTIPO CRIMINOSO



MATANÇAS DE JOVENS NAS FAVELAS E CADEIAS TÚMULOS DE MORTOS-VIVOS É A SOLUÇÃO?

Num país historicamente ainda jovem que carrega consigo uma carga de acusações imensas de atrocidades cometidas contra o povo pobre, que finda se transformando numa espécie de válvula de escape dos desgovernos implantados via processos eleitorais sofistas, a insanidade, parece estabelecida. Num país assim, que quase dizimou todos os indígenas, a ganância assassina continua afogando nesse seu próprio pus, seres nascidos e nutridos nesse seu próprio pus ao invés de aperfeiçoar sua sofrida democracia ainda deitada num berço nada esplendido. Até quando essa ferida colonialista escravocrata persistirá manchando Nossa História? Quando o Brasil conseguirá sair deste obscurantismo que o fundou há quinhentos e poucos anos atrás? Até quando todo esse pus continuará alimentando varejeiras? De fato toda essa tristeza faz parte do seu processo de afirmação e confirmação de uma nação?