*Ubirajara Rodrigues
Esta frase faz sentido, à medida que o
bom senso empana qualquer dúvida libertina, facilmente possível de aflorar à
mente. Ora, do ponto-de-vista histórico, uma batina é um hábito, e, não
simplesmente algo como banalmente a primeira impressão sugere. Na hierarquia
católica somente o papa pode usar batina branca. Uma batina assim como um
hábito insere-se em boa medida ao preceito de Dom Bosco, que diz: “Não devemos
só nos distinguir pelo hábito, mas sim pela nossa forma de vida”. Também não é
atoa a existência de trinta e três botões pregados na batina do papa, representando a
idade de Jesus, cinco botões em cada punho, significando os cinco ferimentos de
Jesus na cruz, e, mais sete botões no braço mostrando os sete sacramentos. Uma
faixa branca envolvendo a cintura da batina significa castidade e igreja
peregrina na Terra... Enfim, desta sintética observação sobre a batina branca
do papa resta saber o que tem isso a ver com “um homem nu”. Ora,
sim, tem muito a ver: O papa, nesse sentido torna-se “um homem nu”; “nu”, no
sentido figurado da questão envolvendo a interioridade da pessoa humana que ele
o é, pessoa essa, que, de alma se encontra completamente exposta à
exterioridade no mundo cru, frio, inexorável. De modo que embaixo da batina
branca papal existe um homem desvestido das malandragens mundanas. Neste
sentido o papa Francisco é tão nu quanto São Francisco de Assis, que, nu de
maldade, e, vestido de solidariedade enaltece um principal objetivo de Jesus: O
Amor. Esse estado de espírito ainda arduamente em construção, ainda
muito pouco praticado até mesmo dentro da ideia da condição básica do se “amar o próximo como a
si mesmo”.
*Ubirajara Rodrigues é artísta plástico e historiador;
é ex-aluno do Instituto Superior de Teologia e Filosofia
da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
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