domingo, 26 de março de 2017

FAVELA: PLANTA PODEROSA QUE PODE ALIMENTAR O BRASIL

A matéria abaixo escrevi em outubro de 1983 para o Jornal Favelão, do qual fiz parte. Esse jornal era feito por jovens de favelas com apoio da Pastoral de Favelas da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Em 20/12/07 ao participar da conferência sobre o Eco museu Manguinhos com os palestrantes o museólogo e doutor em Ciências Sociais, Mario Chagas, do Departamento de Museus doInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DEMU/IPHAN), e Felipe Eugênio, da RedeCCAP, no Salão Internacional, ENSP- Escola Nacional de Saúde Pública, FundaçãoOsvaldo Cruz, lembrei-me dessa matéria quando se tocou no assunto a respeito de muitas pessoas de favelas atualmente ter vergonha de falar a palavra “comunidade” devido esta lembrar “favela”. Dentro desse clima, a matéria foi escrita a fim de fortalecer a idéia de que a palavra se valoriza ou desvaloriza dependendo do uso que se faz dela. Maioria dos favelados recebedores do Favelão evitava abri-lo em público porque sentiam vergonha deste nome. Naquela época, querendo fugir deste estigma uma corrente de opinião achava melhor se substituir o termo “favela” por “comunidade”, e, outra achava “favela” uma palavra bonita e forte. Admitia que devia, sim era o espírito de “comunidade” crescer nas favelas e mesmo nos bairros, independente de ser Copacabana, Barra da Tijuca ou Subúrbio, Baixada. As ações eram que deveriam mudar pela valorização do local... Hoje, o que fizeram com as palavras? Lembrei para os presentes que a situação atual é horripilante. Deste modo se inibe a criação de vínculos de identificação com o local, etc.
Leiamos a matéria 

FAVELA PODE ALIMENTAR O BRASIL

As populações das Comunidades de Favelas sentem vergonha (?) ao serem chamadas de "FAVELADAS". No entanto as palavras são inventos sujeitos a mudar de significados com o passar dos tempos, de acordo com o nosso avanço em relação às coisas que fazem parte de nossa vida e que são importantes ao nosso bem estar (conscientização).
De estalo a palavra FAVELA nos faz imaginar imagens miseráveis de barracos encardidos, casas pálidas, caminhos tortuosos, lugar de gente desvalorizada, onde brancos e negros embriagam-se nas biroscas cantando samba, drogam-se a céu aberto; faz-nos imaginar gente comendo porcarias, crianças quase nuas de pés descalços nas valas podres. Entretanto muita gente não sabe que FAVELA também é uma planta que pega em qualquer terreno, dos alagados à seca do sertão. Nada a destrói, nem geada, pragas ou insetos.
A favela tornou-se conhecida graças ao cientista brasileiro, Luiz C. Pimentel, que, há 50 anos, quando fazia um passeio de estudos científico nas regiões vizinhas a Uauá e da antiga região de Canudos (berço das Favelas no Brasil). Nesse passeio, o que o levou a conhecer a FAVELA e a estudá-la com amor durante todo esse tempo pelo mundo afora, foi o fato de ter avistado curioso, um caboclo mascando amêndoas dessa planta que é capaz de produzir óleo comestível e combustível. Cnidoscolus phyllacanthus é o seu nome científico.
Temos no Brasil meio milhão de quilômetros quadrados com a FAVELA, principalmente na "área abandonada das secas".
Por exemplo: oliveira gera azeite e produz 14% de óleo, ainda dá trabalho, grana e conforto para alguns países. A FAVELA produz 68,8% de óleo. Nos seus restos ainda se pode encontrar muitas vitaminas formadoras de 77% de proteínas, a maior fonte já conhecida no mundo. Milagrosa: Ela sozinha poderia dá alimento, inteligência, saúde, trabalho e produção ao país inteiro!
Por outro lado o FAVELADO ou FLAGELADO, ao invés da vergonha, deveria pensar muito mais sobre o seu verdadeiro valor de cidadão, habitante vivo, valor de gente que faz história também numa sociedade tonta, falida e injusta. VERGONHA DE QUE? NÃO GOSTAMOS DE POLÍTICA? MANDAMOS CONSTRUIR PRISÕES CHEIAS DE POBRES? VAI CONTINUAR O DESEMPREGO, O PÉSSIMO SALÁRIO? SERÁ QUE QUEREMOS MORRER DE FOME? BRASIL, BRASIL, ACORDA BRASIL! 
Leia mais no blog
FATOS E FOTOS DA CAATINGA em pesquisas de Nilton de Brito Cavalcanti , de Petrolina, Pernambuco.


Ubirajara Rodrigues

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