domingo, 12 de fevereiro de 2017

O CASTELO E A MANSÃO. Conto social de Ubirajara Rodrigues. Homenagem à Nísia Trindade, primeira mulher a presidir a Fundação Oswaldo Cruz.
















A fábula O CASTELO E A MANSÃO (conversa sobre o que agora recente se passou) é de inspiração nos aspectos social/histórico/ambiental, protagonizada pelas personagens Cruz (Castelo) e Regina (Mansão) numa ambientação atemporal, em que, personagens tais quais Terra, Umidade, Pedra, Manguezal, dentre outros, colaboram para proporcionar uma alegoria passível de conduzir o expectador atento para refletir sobre a razão de ser da sociedade organizada em função do seu próprio bem-estar.
Os protagonistas Cruz e Regina são personificações do Pavilhão Mourisco da Fiocruz (em Manguinhos) e da Mansão Regina Bilac Pinto (no Morro Azul, Flamengo).  Ambos estão marcados pelas suas atuações humanitárias e comprometimento social.
Com performance da contadora de história Grace Ellen, era intenção lançar este conto na solenidade de posse da Dra. Nísia Trindade Lima na presidência da Fundação Oswaldo Cruz, mas não foi possível, então para não deixar passar em branco publico aqui em UBIRAJARANDO.


O Castelo é apelidado de Cruz, e, o nome da Mansão é Regina, dois grandes amigos, costumeiramente conversadores de dissabores e sabores, de certo que são conservadores dos melhores costumes, independem do meio o qual descendem, vivem ou convivem. Regina e Cruz são figuras sobre-humanas, e se amam, mas se de um lado humanos não podem ser, pelo menos ou mais, de outro lado são poderosos, têm estruturas antigas bem alicerçadas e alimentadas pela natureza da Terra, da Pedra, da Umidade. Seja lá o que for, para Cruz e Regina, no processar dos acontecimentos deve também prevalecer a Democracia não importando se a luta é terráquea, venusiana, mercuriana, plutoniana ou marciana, se é de Java ou da constelação de Orion.  

Regina se dirigindo ao Cruz não hesita em argumentar sobre os fatos – Diga-me Cruz sobre o que se passou agora recente com você, meu velho amigo.

Cruz, paciente como sempre responde – Regina, minha nobre, tu sabes muito bem que o meu maior tesouro é a admiração que guardo da população dos territórios aqui em torno...

– Sim, eu bem sei disso meu caro, responde Regina, deu pra todo mundo perceber isso agora recente, e, ela sabe, ela aqui, a Democracia sabe bem disso, não é? O que agora recente se passou não abalou as suas estruturas, Cruz!

– Sim, Regina, concorda Democracia, sei, sim, e graças à nossa união, colaboramos para impedir a manifestação de muita coisa possível de danificar a saúde dele e de todos os seus dependentes.

– Mas eu, diz Cruz, também dependo de todas e todos...

Regina não se contendo explana - Cruz, meu amigo, o mundo inteiro lhe respeita!

– Agora recente, diz Cruz, fui bem representado e defendido: a territorialidade, minha comunidade, a Legitimidade, a Democracia em pauta, tudo se somou em aspectos bem atuantes.

– Certamente sem isso, comenta Regina, a sociedade despenca para as profundezas de uma tragédia.

Terra que a tudo escuta, afirma – E eu não pensei duas vezes, Cruz, pois agora recente, a seu favor enviei vibrações abalando as bases pensantes para alertar as autoridades da Razão e do Bom Senso. Umidade percebeu bem isso...

Tão ligada que é ao manguezal às margens da Baia de Guanabara, Umidade grita – A fauna e flora do manguezal que o digam!

Terra motivada revela – Eu que o diga, também, com tantos reboliços sobre mim!

Pedra de ouvido em pé externa sua opinião – Umidade, Terra, vocês duas têm razão, até eu que não costumo me locomover pra nada, me animei no movimento, imagine o restante da natureza.

Confirmando as palavras de Pedra, Umidade com profundo sentimento diz – A emoção tomou conta do pedaço quando todo o povo do mangue juntado com a comunidade dos cientistas e tudo partiu pra defesa dos seus ideais, Cruz!

– Eu que também o diga, Cruz, fala Regina: guardando suas proporções e diferenças de ângulos, eu, no outro extremo da Baia de Guanabara, no alto do Morro Azul, tal qual você também, encravado no alto de Manguinhos, Cruz, também tenho a admiração dos que em torno de mim residem, apesar de que eles não dependem de mim tanto quanto os que o cercam, Cruz, visto que o seu dom e prática, desde os primórdios alcançam a cidade toda, cidade que certa vez assustada com a novidade do antídoto contra a varíola se revoltou, e, até os cadetes da Escola Militar dali da Praia Vermelha, no bairro da Urca se sublevaram contra as medidas baixadas pelo Governo Federal, que por você foi convencido sobre a necessidade da erradicação dessa peste mortífera.

– Sim, nobre amiga, relembra emocionado Cruz, foram dias difíceis, tempos em que as sombras persistiam em envolver meu sonho de ver a cidade iluminada de saúde, cheia de esperança...

Entusiasmada Terra exclama: – Legitimidade, Democracia, Saúde, Esperança... Maravilhosas lembranças!

Cruz prossegue – Lembro-me do tempo que ao olhar para as bandas de acolá, se via a igreja da Penha imperando linda sobre o casario. Ao olhar para o lado de cá, se via a Baia de Guanabara dando para sentir suas límpidas águas quase passando pelo meu portão principal, que ao olhar para Sul via com muita facilidade o Morro do Corcovado, que por sua vez, sabia da existência nítida dos Rios Faria Timbó e Jacaré passando garbosos pelo meu quintal, atravessando o manguezal: "berçário" natural para tantas e tantas espécies enriquecendo a Fauna e Flora...     

Após ouvirem este relato bucólico, Terra, Pedra e Umidade, de longevidade de outrora, idade que o próprio Cruz ainda haverá de alcançar, fortalecem seus laços divinos, e, sabendo da sagrada missão humanitária de Cruz, convidam Regina, Democracia, Legitimidade, Baia de Guanabara, Fauna e Flora, todo o Povo do Mangue e Comunidade Cientifica, Saúde, Esperança, toda Cidade do Rio de Janeiro, o Brasil e o Mundo inteiro para darem as mãos e abraçar Cruz, a fim de que o que se passou agora recente não mais se repita.
E disseram cantando:
O que passou/passou
Andou um passo
Mas no compasso da Razão e do Bom Senso
Se transformou
Não por consenso
Mas pela diversidade
Em equilíbrio trabalhando
Pela saúde e bem-estar universal

...e assim, Regina, sempre sabedora da humanidade do seu amado amigo Cruz reafirma que, o que agora recente se passou somente os alicerces do Castelo deixou ainda mais seguros.


Fim

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