sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

QUEM GANHA COM O RIO DE JANEIRO?

   

   Ao ler sobre a Cidade do Rio de Janeiro, quem não a conhece fica maravilhado: Esta cidade foi capital do Brasil de 1621 até 1960, quando a sede do governo mudou para Brasília. Depois, o Rio virou a riquíssima cidade-estado Guanabara que por não ter município criou as regiões administrativas, formadas pelos atuais bairros, cidade, que com a fusão em 1975, diluiu-se no estado do Rio de Janeiro, permanecendo esse nome somente na baia que os tupinambás outrora assim a denominava. O Rio é a segunda maior metrópole do Brasil (depois de São Paulo), é a sexta maior da América e a trigésima quinta do mundo. É um dos principais centros econômicos, culturais e financeiros do país, representando o segundo maior PIB do país (e o 30º maior do mundo), abriga a sede das duas maiores empresas brasileiras - a Petrobras e a Vale - além de ter o maior conglomerado de empresas de mídia e comunicações da América Latina é o segundo maior polo de pesquisa e desenvolvimento do Brasil. O Rio é a cidade de maior destino turístico internacional no Brasil, da América Latina e de todo o Hemisfério Sul, é a cidade brasileira mais conhecida no exterior, e, que parte dela foi designada Patrimônio Cultural da Humanidade, e, considerada uma cidade global beta - pelo inventário de 2008 da Universidade de Loughborough (GaWC). Em de janeiro de 2019 foi eleita pela UNESCO como a primeira Capital Mundial da Arquitetura... Mas infelizmente esse maravilhamento, parece está bem longe de ser sentido por muita gente que nesta cidade reside com consciência social. Isto porque todo o benefício oriundo desse maravilhamento somente atinge uma minoria insignificante da população espalhada pelas Zonas Central com 17 bairros, Sul 17 bairros, Norte com 87 bairros e Oeste com 127 bairros. Mesmo quando se fala que as regiões mais beneficiadas são as de alto IDH-Índice de Desenvolvimento Humano, esquecem os bairros populares, as favelas, áreas relegadas a baixíssimo IDH, onde moradores talentosos e desempregados, sofrem como vítimas dos desmandos de sucessivos governos descompromissados com o Desenvolvimento Local e Integrado (DLIS). Mesmo nos bairros mais famosos, como Flamengo, Botafogo, Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon, a indústria do turismo é bem mais frequente na orla marítima, beneficiando a rede hoteleira e ao comércio gerido por poucas empresas bem situadas financeiramente. Este resumo sobre está fantástica cidade, ao contrário de parecer desconectado da PLC 141/2019, leva ao entendimento de que este, embasado principalmente nos incisos segundo e quinto do Art.1º possam servir de inspiração para diminuir na sociedade carioca as discrepâncias socioeconômicas, de certo modo, coadunando com o inciso X do Art. 3º do Estatuto da Agência Carioca para o Desenvolvimento Local (ACDL), a qual aqui represento, que diz: Estimular reflexão sobre a ordenação urbana na forma prática, consciente, e, sobretudo, humana, das áreas carentes, observando as malhas de transportes públicos rodoviárias, ferroviárias e hidroviárias incidindo no comprometimento público para a melhoria da qualidade de vida. Quero dizer também, o quão urge sermos uma cidade viabilizando de fato acessibilidade para os seus talentos refletidos em ações culturais, sociais, econômicas colaborativas que surgem no vácuo da crise, cujos exemplos existem aos monte, dentre os quais, está a experiência da comunidade do MorroAzul (na qual resido), no Flamengo, que, em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, em 2004 iniciou um reflorestamento, que hoje é o Bosque Ecológico Nossa Senhora de Lourdes, onde se construirá a gruta de N. S. de Lourdes. Nesse empreendimento se quer explorar o turismo social e religioso, a educação ambiental e educação em segurança alimentar, isso numa dinâmica de inclusão tendendo a transformar o Rio de Janeiro numa cidade realmente criativa.

Discurso de Ubirajara Rodrigues, proferido na audiência pública do Projeto de Lei Complementar 141/2019, realizada no Salão Nobre da Câmara do Vereadores da cidade do Rio de Janeiro, Comissão de Assuntos Urbanos, em 12/11/2019

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