domingo, 19 de abril de 2015

EMBAIXO DA BATINA BRANCA O PAPA É UM HOMEM NU

*Ubirajara Rodrigues

Esta frase faz sentido, à medida que o bom senso empana qualquer dúvida libertina, facilmente possível de aflorar à mente. Ora, do ponto-de-vista histórico, uma batina é um hábito, e, não simplesmente algo como banalmente a primeira impressão sugere. Na hierarquia católica somente o papa pode usar batina branca. Uma batina assim como um hábito insere-se em boa medida ao preceito de Dom Bosco, que diz: “Não devemos só nos distinguir pelo hábito, mas sim pela nossa forma de vida”. Também não é atoa a existência de trinta e três botões pregados na batina do papa, representando a idade de Jesus, cinco botões em cada punho, significando os cinco ferimentos de Jesus na cruz, e, mais sete botões no braço mostrando os sete sacramentos. Uma faixa branca envolvendo a cintura da batina significa castidade e igreja peregrina na Terra... Enfim, desta sintética observação sobre a batina branca do papa resta saber o que tem isso a ver com “um homem nu”.  Ora, sim, tem muito a ver: O papa, nesse sentido torna-se “um homem nu”; “nu”, no sentido figurado da questão envolvendo a interioridade da pessoa humana que ele o é, pessoa essa, que, de alma se encontra completamente exposta à exterioridade no mundo cru, frio, inexorável. De modo que embaixo da batina branca papal existe um homem desvestido das malandragens mundanas. Neste sentido o papa Francisco é tão nu quanto São Francisco de Assis, que, nu de maldade, e, vestido de solidariedade enaltece um principal objetivo de Jesus: O Amor.  Esse estado de espírito ainda arduamente em construção, ainda muito pouco praticado até mesmo dentro da ideia da condição básica do se “amar o próximo como a si mesmo”. 

*Ubirajara Rodrigues é artísta plástico e historiador; 
é ex-aluno do Instituto Superior de Teologia e Filosofia 
da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

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